quarta-feira, 8 de outubro de 2008

ESPELHO FALSO


Meu olhar é uma vela no escuro
Um tiro no muro
Que me faz dizer não.

É um espelho que mente
Como flores de sangue
Espalhadas no chão.

Mas a farsa sincera
Desta falsa mentira
Na verdade é um véu.

Meu olhar é sem igual
- toupeira transcendental
Cavando buracos no céu.

Igor Roosevelt

quarta-feira, 16 de julho de 2008

VISÕES (OS PÁSSAROS)


Os Pássaros pousam
Semi-breves sobre os fios...
Pentagrama elétrico...

Igor Roosevelt

terça-feira, 13 de maio de 2008

DESILUSÃO*

De repente o medo
rompe das águas da manhã
e paira no ar como se planejasse
o fim... Não! O começo
de toda forma aniquilada,
de todo sonho feito pó
em caixas presas,
de toda sorte
amargurada,
de tudo um pouco
ou quase nada
que se sustente
no vácuo imóvel.
De repente o medo
se repete nas folhas de jornal,
nas drásticas afirmações
que fogem antes da batalha...
E de repente a forca,
o pulso preso, a força,
o medo mudo, a náusea,
a dor de tudo, a bosta...

*Pode parecer piegas, mas este poema foi escrito depois que recebi a notícia de que meu candidato a Reitor havia perdido as eleições. Fiquei desolado e escrevi isto, mas ele pode ser interpretado e utilizado em várias outras ocasiões, políticas ou não.

sábado, 19 de abril de 2008

UM CONTO DE METAL

Fiquei sabendo
que você era rockeira
desejei-te a vida inteira
essa é a hora de tentar.

Eu joguei fora
meus cd's de Fábio Júnior
levo o Ozzy no meu punho
só pra te impressionar.

Só uso preto
se tornou meu pesadelo
ter que cortar o cabelo
ou usar uma outra cor.

Comprei um disco
desse tal de Sex Pistols
meu ouvido não suporta
mas meu coração gostou.

Tomei uísque
tomei pinga, tomei vinho
transformei o meu caminho
onde o vinho me conduz.

Virei ateu,
virei gnóstico, budista,
só não quis deixar na vista
que meu nome era Jesus.

Fiquei com medo
de escrever-te uma poesia
pois tão grande é a agonia
que me causa teu amor.

Roubei uns versos
de Carlos Drummond de Andrade
e disse que era na verdade
Dylan Thomas e Rimbaud.

Fiquei sabendo
que você curte cinema
e pra melhorar o esquema
muita coisa eu assisti.

Eu vi Carlitos
mesmo mudo causar riso,
vi "Cinema Paradiso"
e Glauber Rocha eu não entendi.

Fiquei pensando
as coincidências que não temos
li "A Era dos Extremos"
só pra gente debater.

E depois disso
tatuei todo o meu braço,
dei uns tapas no barato
mesmo sem sentir prazer...

Não fiz a barba
pra virar socialista
fiz pose de guitarrista
pra você olhar pra mim.

Pintei uns quadros
pra expor na galeria
mas você sequer os via.
Por que as coisas são assim?

Comprei uns livros
de ciências, de magia,
de história e filosofiapra
poder te emprestar.

Eu fiz uns versos,
inventei uma paranóia,
tentei dar uma de Goya,
fiz sonatas ao luar.

Eu tive amigos,
tive fãs e seguidores,
tive amores, tive dores,
mas você nunca terei.

Eu já sabia
meu destino era maldito
já dizia Raulzito:
Sou cowboy fora da lei.

Igor Roosevelt